
De tanto falar em filmes, talvez alguém até possa achar que sou viciado neles, mas esta suspeita não se confirma; aliás, reconheço que sou muito suscetível a erros na hora de escolher filmes, especialmente no que diz respeito a descartar filmes por seu nome e sinopse; devo ressalvar que as versões brasileiras para os nomes dos filmes bem como a sinopse dos mesmos me induzem fortemente a este erro. As aventuras de Pi foi meu último exemplo de filme que quase deixei de ver (mais em virtude de um preconceito meu); só rendi-me ao filme por suas imagens espetacularmente coloridas, o que me proporcionou conhecer uma bela história.
Ainda hoje refletia sobre este assunto de pré-conceito (o popular preconceito), conceito, pós-conceito e ausência de conceito. Conclui que existe uma certa confusão sobre o que são. Conceito é definido comumente como uma idéia, opinião ou juízo sobre algo, ou seja, uma definição. Preconceito é quando fazemos isto de forma antecipada aos fatos. Pós-conceito seria quando mudamos nossa própria opinião após um conceito estabelecido e ausência de conceito seria quando não temos conceito sobre algo.
Atualmente existe um preconceito sobre o preconceito ou sobre os preconceituosos; o sujeito não pode ter preconceito ou ser preconceituoso que ele é considerado pior do que o micróbio dos excrementos do cavalo do bandido; os pretensos não-preconceituosos são mais preconceituosos com os preconceituosos do que os preconceituosos são a respeito do que tem preconceito (a frase ficou meio difícil de se entender mas é proposital... é só ler devagar que dá para entender).
Entretanto, ignora-se que o preconceito pode ser um conceito ou pós-conceito tomado de outrem, advindo de uma experiência pessoal que se tomou como regra. Por exemplo: uma pessoa comprou um aparelho eletroeletrônico de um asiático e era falsificado; sentiu-se prejudicada e confidenciou a um amigo, que por sua vez tomou o pós-conceito do primeiro e vestiu como seu próprio preconceito contra asiáticos vendedores de eletroeletrônicos. Não posso culpá-lo, certo? Talvez até seja justo este preconceito tendo em vista a experiência de seu amigo.
Acredito que todos temos preconceitos em maior ou menor grau e considero-os imprescindíveis para a continuidade da raça humana, embora alguns me incomodem profundamente (especialmente sobre raça/cor). Contudo, o que mais me irrita é a tentativa de empurrar ausência de conceito a título de não-preconceito; há pessoas que só sabem fazer isto na vida, simplesmente desprezando milhares de anos de conhecimento acumulado a título de “não ter preconceito”, o que acaba gerando uma ausência de conceito destruidora para a humanidade; estes desconsideram a objetividade e factibilidade de coisas já devida e exaustivamente comprovadas em favor de seus próprios pensamentos e julgamentos. Consideram-se gênios inventando a roda mas são asnos cauterizando suas mentes.
A estes, sugiro que lancem fora algumas ideias preconceituosas que ainda os prendem, como por exemplo contra o fogo (não tenham preconceito contra lançar-se numa fogueira) ou contra a lei da gravidade (que preconceito afirmar que o homem não pode voar ao lançar-se do alto de um prédio), contra objetos pontiagudos(quanto preconceito pensar que eles podem perfurar nossa pele ou objetos) e outros tantos preconceitos... quanta tolice preconceituosa, não?
Por fim, espero que não sejam preconceituosos com a história e deixem de desprezar tanto esforço que já foi feito e conhecimento que já foi acumulado; antes tínhamos mais preconceitos e menos roubos, estupros, assassinatos e toda a sorte de males sociais que tem nos afligido.
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