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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Confissões de fim do mundo - Antes que seja tarde.

Confissões do fim do mundo - Antes que seja tarde - www.samuelbonette.blogspot.com
Dia 20/12/2012. Estas são as horas que antecedem o fim do mundo, segundo a interpretação alardeante do agora famoso calendário maia. Não é a primeira e nem será a última das “profecias” de fim do mundo. Um dia ele vai acabar, isto é certo, pois sabemos que tudo tem um início, um meio e um fim; mas Deus é quem detém este conhecimento. 

Eu realmente não acredito que o mundo vá acabar em 21/12/2012. De qualquer forma, vou escrever e publicar isto antes das 00:00h deste dia, o que dista deste momento somente algumas horas, seguramente menos de três. Não quero correr o risco de, caso o fim realmente chegue, deixar de confessar os fatos a seguir. Não vou levar, de forma alguma, o peso na consciência de deixar de admitir que:

1. Odeio perder. Especialmente em esportes e discussões. Sou de uma família onde todos tem temperamento forte e talvez pelo fato de ser o filho mais novo, portanto o mais preterido, desenvolvi um espírito muito competitivo. Isto me leva, várias vezes, a perder justamente por não querer perder.

2. Já agi por birra; não fiz o que poderia ter feito ou fiz o que não deveria ter feito só porque em outro momento não tive um desejo atendido ou para mostrar que mandava na situação. Confesso também que abandonei este comportamento, mas isto ainda pode acontecer, como a todo o resto da humanidade.

3. Já amei quem não devia. Aos 7 ou 8 anos de idade morava em Horizontina, minha cidade natal, e lá havia uma cadela da raça husky siberiano que era a coisa mais linda, pêlo preto em cima, branco na barriga e um par de olhos azul claro profundo; eu ia todos os dias brincar com ela, a despeito da minha vira-lata Lulu.

4.  Fui vencido pelo capitalismo. Quando era pequeno admirava o céu e as estrelas, ficava na janela olhando a chuva por horas a fio, subia nas árvores para comer quilos de bergamota e ia, de bicicleta e mesmo a pé, até os rios, riachos e lagoas tomar banho no verão. Hoje fico no Facebook, olhando TV a cabo, comendo e engordando e quase não sei mais fazer conta de dividir e multiplicar a mão. O dinheiro e o conforto que ele me proporciona me roubaram a capacidade de ter tempo para ver algumas coisas simples e bonitas da vida.

5. Raramente choro. Especialmente, nunca chorei ao assistir um filme, mas o Click me leva as raias de chorar, pois me identifico por demais com a história do filme, especialmente na parte do relacionamento com seu pai. Me dá um nó na garganta. Se um dia eu chorar ao assistir um filme, vai ser assistindo o filme Click.

6.  Penso que todo mundo come algo estranho e ainda acha que não é estranho. Eu gosto de comer pão com mortadela e açúcar. Uma amiga comia manga verde com sal, minha esposa come batata crua e meu amigo come sanduíche com melancia. Todos pensam que suas comidas estranhas são iguarias apreciadas por todos. Não são.

Dentre tantas outras coisas, não posso deixar de confessar que sei coisas a respeito de mim que são inconfessáveis e não ousaria contar nem para mim mesmo, nem em pensamento. Tanto boas quanto ruins. Outras que não são boas nem ruins mas ainda assim não posso contar. Carrego comigo emoções e dúvidas que só serão dirimidas e explicadas após o fim do mundo. Quem me conhece pessoalmente talvez vá ficar curioso, mas deixa estar que um dia meu livro será lido.


Samuel Bonette

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Glamour

Glamour, marcas, vendas, marketing - www.samuelbonette.blogspot.com.br
Acho interessante o humano, a forma como se comporta e atribui valor as suas coisas. Vejo que começa as coisas de forma simples, para atender uma necessidade na maioria das vezes, vai aperfeiçoando e tornando isto mais elaborado até que, o que surgiu de uma simples necessidade se torna objeto imprescindível e de valor inestimável.
Posso citar diversos exemplos; um deles: o ser humano precisa se locomover; para isto, tem pernas e pés. Obviamente que precisa protegê-los, e isto era ainda muito mais necessário nos primórdios, quando não havia estradas como temos hoje, muito menos pavimentadas. O que havia era floresta, e só. Para se locomover, precisava proteger seus pés de eventuais ferimentos. Deve ter começado a fazer isto com folhas, madeiras, couro de animais mortos, enfim.
 Ao longo do tempo, foi descobrindo materiais mais adequados para fazer seus calçados. Após, desenvolveu calçados diferentes para terrenos diferentes, temperaturas diferentes, etc. Um dia, alguém deve ter feito um calçado muito bom, e como chamou a atenção dos demais, para que não roubassem dele põe-no uma marca para reconhecê-lo. Uma vez que não poderia roubar, outrem ofereceu algo em troca, e o primeiro entendeu que poderia obter vantagens com isto.
Passado os anos, surgiram Nike, Adidas, Puma e outras tantas marcas que, mais do que atender a necessidade inicial de proteger os pés, transformou o calçado em objeto de desejo ardente e a necessidade já não é mais proteger os pés, mas sim ter o calçado da marca X, Y ou Z. Como efeito cascata, se o fulano de tal é famoso e usa tal marca, obviamente que muitos buscarão comprar daquela marca, porque o dito usa aquela marca.  Isto acontece com roupas, esportes, calçados, carros, comida, perfumes, eletroeletrônicos e por aí afora com tudo o mais que me ocorre no momento.
Diria que isto é glamourização. Glamour, segundo o site Priberam On-line, é: “beleza sensual, considerada característica de certas figuras públicas elegantes do mundo do espetáculo; qualidade de quem ou do que é elegante, charmoso e considerado sedutor”. Entretanto, é interessante pensar que o glamour não é inato, mas sim definido socialmente. Ele não existe por si só, mas por meio das pessoas que acreditam nele.
Claro que para isto contam determinadas características universais como simpatia, carisma, beleza e outras mais, mas o glamour é um construto social, uma vez que aquilo que é considerado glamouroso em um local pode não ser em outro; diria que a adesão das pessoas em aceitar, divulgar, propagandear, reproduzir e venerar determinados padrões, comportamentos ou atos torna aquilo glamouroso. Em última análise, vende-se a ideia de que algo vai te fazer ser melhor que és. É um comércio de ideias e conceitos, e não de produtos em si.
Por outro lado penso que esta glamourização deturpa o sentido principal de existência das coisas. Utilizando-me do glamour, posso fabricar um produto de péssima qualidade mas fazer um comercial espetacularmente bonito e colocar um famoso a divulgá-lo. Vai vender que nem água. Neste caso, a necessidade inicial fica de lado, mas o meu glamour pessoal está sendo plenamente obtido. Então, que se danem os pés, legal é estar na moda.

Samuel Bonette

domingo, 14 de outubro de 2012

Espelho da vida

Espelho, vida, relacionamentos, perdão, autoimagem - www.samuelbonette.blogspot.com
Tenho adquirido um hábito, pelo que me consta: escrever nos domingos a noite. Escrever a noite já era uma predileção, mas tenho notado que o domingo a noite me atrai de forma especial. Até então não havia feito nada de forma propositada, mas parece que esta será a tendência. É um bom dia para se escrever. Nada melhor do que produzir nesta noite que até então era considerada monótona e simples antecedente de uma semana que será corrida, sem dúvida.

Sobre o que tenho a escrever hoje, é até interessante que seja feito num domingo a noite, pois combina com um quadro apresentado recentemente no programa Fantástico; não sei se ainda está sendo apresentado, pois assisto apenas fortuitamente o referido programa, mas o nome do quadro é Phantasmagoria; em uma das poucas vezes que olhei, os apresentadores falavam sobre nossa visão, e como as imagens se formam no cérebro. Falaram também sobre as ilusões de ótica e de distorções de percepções que nos ocorrem, especialmente em casos de pouca luminosidade ou situações nas quais estamos sob forte pressão.

Tal fato dificilmente ocorre quando vemos uma imagem refletida em um espelho. A imagem projetada é imediatamente reconhecida como a nossa própria imagem, diferentemente de quando olhamos a imagem de outra pessoa, animal ou objeto; o cérebro está fadado a associar a nós mesmos aquela forma avistada no espelho. Sabem, não sei se vocês pensaram nisto em algum momento de suas vidas, mas eu já fiz o exercício de, ao focalizar minha imagem no espelho, tentar imaginar que aquele reflexo é na verdade outra pessoa. É uma tentativa de enganar o cérebro que quase nunca logra êxito.


Entretanto, algumas vezes consegui; poucas, é bem verdade, mas já consegui. Não posso deixar de negar também que foi um pouco assustador, pois me ocorreu que, se aquilo fosse verdade, poderia estar vendo em mim mesmo outra pessoa. Aí meu cérebro já fez um monte de inferências sobre psicopatia e doenças mentais e rapidamente abandonei o reflexo. Coisa de louco.


Mas é triste que nem sempre temos um espelho em nossa frente para nos visualizar no dia a dia; com ele poderíamos nos dar conta de nossas atitudes. Digo isto porque é incrível como não nos percebemos em nossas atitudes; isto não acontece o tempo todo, mas acontece com todos, invariavelmente. Aquela pessoa que se acha tão divertida não é assim para seus amigos; antes, é o inconveniente e “mala” do grupo; o profissional que se julga tão competente e dono das respostas é na verdade um fanfarrão; o infeliz comentário sobre um jogador acaba com a reputação de um dirigente de futebol e divide um time no meio da temporada; são inúmeras situações que destroem a nossa imagem perante os demais. É triste quando não conseguimos administrar isto.


Por isto sempre digo: menos, as vezes, é mais. É sempre bom fazer uma avaliação antes de agir para que depois possamos olhar e nos reconhecer na imagem refletida no espelho da vida.



Samuel Bonette


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Perdas

Perdas, vida, morte, relacionamentos - www.samuelbonette.blogspot.com
Não é fácil escrever uma página, as vezes. Devo confessar que na verdade é algo realmente difícil, em determinadas ocasiões. É o assunto que não flui, o barulho que irrita, a concatenação de ideias que não ocorre... não tem sido fácil cumprir minha “auto-promessa” de escrever doze textos neste ano. Eu não sei o que é pior: a sensação de ter falhado ou a incapacidade de escrever bons textos; poderia escrever doze textos de qualidade duvidosa e alcançar a meta ou produzir textos que me agradem mas não alcançar o meu objetivo. Mas tudo há de melhorar; sempre melhora.

Acontece que estava refletindo sobre a perda. A perda é algo que nos incomoda. Existem as perdas gradativas e as abruptas, mas o momento da ruptura é sempre incômodo; quando perdemos algo de forma abrupta torna-se mais latente o momento em que ocorre, então normalmente lamentamos mais. Quando perdemos de forma gradual, tendemos a aceitar mais facilmente; porém sempre há um momento em que “a ficha cai”, e nos damos conta da perda. Triste e doloroso momento. A perda nos contrista.

Há perdas pequenas: por exemplo, quando damos falta de um objeto querido, ou algum vizinho de anos muda-se para outro bairro da mesma cidade. Acontecem em nossas vidas também as grandes perdas, como a perda de um sentido como a visão ou audição, eventualmente, ou ainda a impiedosa e inevitável morte. Não importa: a perda é sempre lamentada e sofrida.

Diriam os mais pragmáticos e os menos sensíveis que toda dificuldade é também uma oportunidade, e toda a perda é também a chance de valorizar mais ou descobrir novas coisas. Não posso dizer que discordo disto; muitas vezes valorizamos muito determinadas coisas em detrimento de outras tantas, ou não nos damos conta que existem infinitas outras coisas bem diante de nossos olhos que podem ser boas e até melhores do que as que perdemos. Obviamente que existem perdas que nos causam ganhos, uma vez que nos proporcionam mudanças para melhor; entretanto, há perdas que realmente são para pior, devido a excelência incomparável constante no ente perdido.

Contudo, gostaria de ressaltar que, seja para melhor, igual ou pior, certas coisas são insubstituíveis, pelo fato de não haver outra igual. Entre estas, destaco, é claro, as pessoas. Não temos forma, não podemos ser produzidos em escala industrial, somos únicos, sempre. Então, ame as pessoas que o cercam; a perda ocorrerá em algum momento e elas serão insubstituíveis; ame com todas as suas forças, porque na hora da perda, seja momentânea ou eterna, o que restarão serão somente as lembranças. Ame os seus queridos.

Gostou? Então curta, compartilhe e deixe seu comentário. Se preferir, me envie um e-mail no samuelbonette@tenhoumsonho.com.br.

Leia mais:


lições, maquiavel, liderança - www.samuelbonette.blogspot.com.br
engenharia, produção, liderança, lições - www.samuelbonette.blogspot.com.br

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Essência da Arte

Essência, Arte, música, pintura, gênio - www.samuelbonette.blogspot.com
Música é arte. Interpretação é arte. Pintura é arte. Arte é uma coisa um tanto quanto subjetiva, nem sempre se submetendo a um padrão estético específico ou aos anseios dos espectadores e as vezes do próprio artista. Depende de inspiração, e de transpiração.  Tenho um particular apreço por música, e também, por característica adquirida ao longo da vida, um observador. É engraçado como a música me agrada multiformemente. Gosto de músicas gauchescas, daquelas só com voz e violão, como também gosto de músicas pop, rock, música clássica, e muitos outros estilos. Assim entendo que gosto da música enquanto arte.

Escrever também é arte. É retirar fragmentos do cotidiano e expandi-los numa história épica, e noutro momento expor em uma pequena frase conhecimentos adquiridos ao longo da vida. É um exercício de procura diária, nos entrelaces dos acontecimentos que nos cercam, o novo, o divertido, o agradável, a crítica, o embate, os relacionamentos e transformá-los em histórias para os outros entes humanos.

É se dar conta, por exemplo, da grande desproporcionalidade existente entre homens e mulheres na população transeunte no Centro de Porto Alegre e discorrer sobre o assunto; é notar como as pessoas estão cada vez mais absortas em seus celulares, Ipad’s e tablet’s e cada vez menos prestam atenção no que acontece ao seu redor; claro que estou trazendo estes assuntos a baila porque notei nelas hoje enquanto transitava na rua, e sobre estes refleti brevemente, imaginando que seriam bons assuntos para se escrever.

Esta semana ainda proferi o seguinte comentário: Tempo: quanto menos tenho, mais coisas faço. Fazendo leitura reversa - Tempo: quanto mais tenho, menos coisas faço. E é verdade; estou a semana toda pensando que tenho que escrever um texto para postar aqui, e mesmo tendo a ideia central, até agora não escrevi absolutamente nada do que havia pensado. Não vai ser agora que vou começar, também.

Mas, como disse de início, escrever é arte, e a arte não se submete a padrões estéticos. Que o diga alguém, que postou no Facebook o seguinte: - A vida ainda tem muito a me encinar – ao que redargui: - Principalmente escrever.

Samuel Bonette

segunda-feira, 25 de junho de 2012

As coisas como são e como deveriam ser

As coisas como são e como deveriam ser - www.samuelbonette.blogspot.com
Existe uma diferença entre ilegal e imoral. Uma importante diferença, pois o ilegal é aquilo que age contra a legislação positivada, ao passo que o imoral é aquilo que obsta ao conjunto de normas e regras definidas socialmente como corretas. As vezes as opções da vida não são sobre coisas ilegais ou legais, mas sim sobre coisas morais ou imorais. Lembro que ao longo do meu curso de Administração, por algumas vezes, os professores nos incitaram a responder algumas perguntas que, se não eram capciosas, eram no mínimo desafiadoras, pois lidavam com questões morais.

Em sala de aula, um deles propôs o seguinte desafio: se, numa situação qualquer, sabendo que, ao condenarmos o culpado por um crime, automaticamente outra pessoa totalmente inocente seria obrigada a cumprir pena por aquele crime, optaríamos por condenar a pessoa culpada em detrimento da inocente ou por livrar ambas, para que a inocente não fosse injustiçada? A maioria optou pela segunda opção, pois presumiram que a culpada tornaria a cometer crimes e seria apanhada, resultando assim em posterior condenação, ao passo que a inocente seguiria sua vida normalmente.

Outra feita, após uma série de argumentos de um professor, inquiri o mesmo sobre o que considerava como sendo essência do homem: bondade ou maldade, uma vez que, partindo deste pressuposto, podemos melhor entender os julgamentos de alguém. Após uma resposta evasiva, tornei a carga forçando um posicionamento do mesmo. Respondeu então que considerava o homem como uma pizza: inicialmente era só a massa, e ao longo do tempo ia colocando-se os temperos (maldades ou bondades), efetivando-se assim o resultado final.

Entretanto, o mais marcante para mim foi uma série de questões (cinco, se não me engano) cujas opções de resposta dadas eram, notadamente (pelo menos para mim), divididas em opção moralmente correta, opção moralmente incorreta e opção “em cima do muro”. Descontada a conhecida irreverência deste professor, ao final da proposição das questões, aduziu que: aqueles que optaram, em maior número, pelas opções “em cima do muro”, poderiam, com alguma sorte, de dar bem na vida; os que optaram pelas opções moralmente incorretas entendiam como a vida funcionava e tinham grandessíssimas chances de obterem sucesso na vida, com uma chance de eventual percalço; já os que optaram pelas opções moralmente corretas eram loucos e viviam num mundo paralelo.

Recordo que pedi a palavra e, antes de mais nada, esclareci que eu era um dos loucos que vivia num mundo paralelo, isto porque a minhas opções tinham sido em maioria absoluta pelas respostas moralmente corretas. Então discorri que a vida se divide entre como as coisas são, e como deveriam ser. Como as coisas são é o caminho mais fácil e muitos andam por ele, mas como as coisas  deveriam ser é o caminho mais belo e recompensador a longo prazo, devendo ser sempre o caminho a ser escolhido.

 Somos seres feitos a imagem e semelhança de Deus, a bondade e demais virtudes devem ser buscadas e realizadas, e destes anseios derivam os padrões morais que levam o ser humano adiante. Ao optarmos pelos caminhos moralmente corretos, satisfazemos nossa vontade do correto e fazemos também a vontade de Deus.

Samuel Bonette

quinta-feira, 21 de junho de 2012

É das palavras que eu gosto mais


É das palavras que eu gosto mais - www.samuelbonette.blogspot.com
Tenho gosto pelas palavras. Sequência de letras que, combinadas de uma determinada forma, representam algo. Palavras longas, palavras curtas, palavras dúbias, palavras austeras, palavras decomponíveis, palavras que não terminam mais.

Palavras tais como oitiva: é uma mistura de oitava com altiva e que tem a função de me fazer escutar, simplesmente; palavras como cognição, o encontro de um cogumelo com a ignição; ou então hermenêutica, a herança que Hermes deixou na região Êutica.  O mau, vulgo mal, o bem, vulgo benhê, a premeditação, o oportunismo, a panaceia e a zoofilia, bucólico e fleumático, o altruísmo junto da conjunção, palavras que causam sensações e impressões .

As palavras dão ainda o poder da colocação, o poder de gerar e refutar sentimentos, mudar e reinventar situações, esclarecer e confundir, ao sabor do momento. Por vezes é interessante dar a entender sem pronunciar nenhuma palavra literal; em outros momentos, o interessante é dizer com todas as letras aquelas palavras que ninguém vai entender tampouco inquirir sobre seu significado, com medo de parecer insciente. Alguém disse que informação é poder, e saber uma palavra que outros desconhecem é informação, logo, poder.

O jogo de palavras, a argumentação e o contra-arrazoamento, a construção frásica são somente alguns dos prazeres que as palavras podem gerar. As próprias frases são poesia, sujeitas ao proeminente poeta, instrumentos para quem as usa, e por vezes armas para quem as manuseia. Olavo Bilac, com sua famosa definição da língua portuguesa, “a última flor do Lácio, inculta e bela”, fazia referência as pessoas que falam incorretamente e nem assim conseguem roubar a beleza da língua.

De fato, gosto muito das palavras. Através delas expresso meus anseios e sentimentos. Vivam as palavras em minha boca.

Samuel Bonette

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Como se fosse a última

Como se fosse a última - www.samuelbonette.blogspot.com
Lembro-me de uma crônica, de Fernando Sabino, entitulada “A última crônica”. Li a mesma quando tinha 11 ou 12 anos, mais ou menos, e dela nunca mais me esqueci. Creio que pude compreender tão bem o sentimento do autor que me apoderei dele, e também persigo esta última crônica. Não sei se ele escreveu outras após esta, mas para mim, esta sempre será a derradeira.

Para mim, sempre que escrevo, gostaria de poder transmitir a intensidade e a leveza de uma última crônica. Entretanto, seguindo um conselho de meu amigo Raginho, procuro não escrever mais do que uma página. Difícil, devo admitir. Entretanto, para mim torna-se um excelente exercício de auto-controle.

Aliás, acho engraçada a forma como lido com meus sentimentos. Já fui chamado de androide, porque, segundo a definição dada pela pessoa, eu tenho sentimentos, mas não consigo expressá-los. Creio que por vezes me falta isto mesmo. Talvez meu auto-controle seja mais aguçado para meus sentimentos do que para meu gosto por escrever, ou simplesmente escrever seja minha forma de extravasar. Não sei.

Ainda há pouco olhava um filme, por nome O Aprendiz, no qual um general nazista, após esconder-se por muitos anos, é descoberto por um jovem que desenvolve um relacionamento com ele. Aos poucos as lembranças vão despertando sentimentos há muito tempo escondidos, sentimentos estes que vão causando um certo descontrole emocional. Em um momento do filme, ele adverte: estás brincando com fogo, rapaz.

Isto acende um alerta no que diz respeito ao que alimentamos ou afastamos de nós. Como diria Thomas Hobbes, o homem é lobo do homem. Na medida que vamos atrás de informação sobre determinado assunto, procurando, buscando aquilo, evidenciamos o assunto e as consequências destes atos em nossas vidas, seja a glória ou a ruína que aquilo nos traz.

Sabem o que mais? Relendo este texto, fico com um gosto de quero mais; fico com um sentimento de que poderia sobejar ainda mais estes assuntos. Entretanto, em um determinado momento da minha vida entendi que não podemos e não devemos querer saber tudo na vida, pois isto implica em certas responsabilidades e numa perda pelo gosto que o desconhecido nos traz.

Samuel Bonette

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Percepções x fatos x percepções


percepções, sentimentos, fatos, vida, relacionamentos - www.samuelbonette.blogspot.com.br
Há quanto tempo não vinha aqui... Lembro que no início de 2011 prometi a mim mesmo que postaria no mínimo um texto por mês, mas não consegui. Entretanto, melhorei com relação a mim mesmo nos anos anteriores, pois postei 7 textos em 2007, 6 em 2008, 3 em 2009, 1 em 2010, e ano passado postei novamente 6. Meu desafio é escrever no mínimo 7 este ano novamente, mas não sei se conseguirei; mas a vida é assim, o objetivo dos desafios é justamente nos tirar da inércia ou zona de conforto, e nada melhor do que começar isto num dia em que talvez o que eu faça de mais produtivo seja justamente escrever aqui no blog. Feriado de sexta-feira santa mais preguiçosa que esta estou para ver.
Desde meu primeiro texto, em fevereiro de 2007, já se passaram 5 anos. Algumas coisas mudaram muito na minha vida, outras nem tanto. Lembrava que em agosto de 2007 escrevi um texto chamado Auto Imagem falando sobre as percepções que as pessoas tem de nós em contraste com as percepções que temos de nós mesmos. Hoje reli o texto e pude perceber que o tempo clareia algumas coisas em nós. Ainda não tenho capacidade de estressar totalmente o assunto, mas creio que posso lançar alguma luz sobre o assunto, ainda que não com o mesmo viés.
Passado o tempo, e tendo aprendido uma pequenina parcela a mais, vejo que as percepções das pessoas são baseadas no que deixamos transparecer. Desta forma, podemos condicionar o comportamento das pessoas para que suas percepções sejam exatamente aquilo que queremos que percebam.
Exemplo: posso até não ser mal-humorado, mas se, toda vez que alguém vier falar comigo, eu transparecer mau-humor ou simplesmente não transparecer bom-humor posso condicionar a percepção daquela pessoa e até seu comportamento com relação a mim mesmo; posso, por exemplo, evitar que venha me convidar para um amigo secreto porque ela vai achar que eu não vou querer participar ou porque ela não vai querer alguém mau-humorado em sua festa.
Por outro lado, psicopatas são frequentemente descritos como pessoas simpáticas, cativantes, com magnetismo, carismáticas e outros atributos invejáveis. Porém, usam todos estes atributos justamente para manipular as pessoas e esconder suas psicopatias e crimes. Recentemente um documentário da National Geographic demonstrou como funcionam os shows de “mágica”, que na verdade são puro ilusionismo, uma vez que o cérebro humano não consegue direcionar sua atenção para duas coisas ao mesmo tempo, conforme comprovaram.
Assim, mulheres maquiam-se para chamar a atenção para seus olhos ou boca, usam roupas provocantes para trazer a atenção para seu corpo ao mesmo tempo em que desviam a atenção de suas eventuais fragilidades ou sua capacidade intelectual; homens gabam-se de beber muito para anular a atenção sobre seus medos e frustrações amorosas; crianças causam problemas para chamar a atenção para si ao invés de outras coisas que preocupam os pais; adolescentes mentem porque é vexatório ainda não ter beijado, e assim sucessivamente.
Hoje vejo que pessoas frequentemente tentam condicionar o comportamento das outras para que ajam exatamente como querem. Entretanto, certa vez um homem ao ser extremamente vilipendiado por outro, disse: Por mais que tu me trates mal, sempre vou tratar-te bem, pois o meu bom comportamento não vai alterar-se pelo teu mau comportamento.
Está aberta a temporada de textos.