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quinta-feira, 21 de junho de 2012

É das palavras que eu gosto mais


É das palavras que eu gosto mais - www.samuelbonette.blogspot.com
Tenho gosto pelas palavras. Sequência de letras que, combinadas de uma determinada forma, representam algo. Palavras longas, palavras curtas, palavras dúbias, palavras austeras, palavras decomponíveis, palavras que não terminam mais.

Palavras tais como oitiva: é uma mistura de oitava com altiva e que tem a função de me fazer escutar, simplesmente; palavras como cognição, o encontro de um cogumelo com a ignição; ou então hermenêutica, a herança que Hermes deixou na região Êutica.  O mau, vulgo mal, o bem, vulgo benhê, a premeditação, o oportunismo, a panaceia e a zoofilia, bucólico e fleumático, o altruísmo junto da conjunção, palavras que causam sensações e impressões .

As palavras dão ainda o poder da colocação, o poder de gerar e refutar sentimentos, mudar e reinventar situações, esclarecer e confundir, ao sabor do momento. Por vezes é interessante dar a entender sem pronunciar nenhuma palavra literal; em outros momentos, o interessante é dizer com todas as letras aquelas palavras que ninguém vai entender tampouco inquirir sobre seu significado, com medo de parecer insciente. Alguém disse que informação é poder, e saber uma palavra que outros desconhecem é informação, logo, poder.

O jogo de palavras, a argumentação e o contra-arrazoamento, a construção frásica são somente alguns dos prazeres que as palavras podem gerar. As próprias frases são poesia, sujeitas ao proeminente poeta, instrumentos para quem as usa, e por vezes armas para quem as manuseia. Olavo Bilac, com sua famosa definição da língua portuguesa, “a última flor do Lácio, inculta e bela”, fazia referência as pessoas que falam incorretamente e nem assim conseguem roubar a beleza da língua.

De fato, gosto muito das palavras. Através delas expresso meus anseios e sentimentos. Vivam as palavras em minha boca.

Samuel Bonette

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