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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Só os cinzas podem ler

Branco Preto Raça Intolerância - www.samuelbonette.blogspot.com.br
2014 está sendo um ano de tensões. Talvez todos os anos sejam assim, mas neste ano tenho notado muitos conflitos. Todos podemos perceber isto, sem maiores dificuldades: Ucrânia x Rússia, Palestina x Israel, Pró-Copa do Mundo de futebol x Contra a Copa do Mundo, PTralhas x Coxinhas, etc. Alguns fatos corroboram especialmente para istoainda mais aqui no Brasil, onde a Copa do Mundo ocorreu, justamente em ano de eleição. Desde o meio do ano passado, quando eclodiram protestos populares por todo o país, instaurou-se uma guerra ideológica; e nela, o que vale é, simplesmente, o debate, o embate e se necessário for, o combate. Coerência foi para o espaço e a discórdia ganhou poderes plenos. É, talvez seja exagero. Nem vou discutir sobre isto pois já temos discussões o suficiente, obrigado.  

Não bastasse todo este infortúnio, ainda me acontece este episódio lamentável. Ontem, 28/08/2014, o goleiro do Santos F.C. paralisou a partida que estava sendo realizada contra o Grêmio FBPA por conta de um suposto ato racista que estava sendo cometido advindo da torcida deste último. Em poucos minutos já circulava nos corredores da web e redes sociais o vídeo de uma pessoa falando a palavra "macaco" e logo descobriu-se o nome da referida pessoa, o que gerou imediatamente comentários ofensivoem sua página pessoal numa destas redes sociais. Ocorrido o fato por volta das 21:00h de ontem, ao amanhecer de hoje ela já estava afastada de suas atividades profissionais, cujo exercício se dava como terceirizada numa unidade da Brigada Militar do Estado do RS. Imagino como está a cabeça desta pessoa (além de "a prêmio"). 

Entendam, em primeiríssimo lugar, que sou contra o racismo. Mantenham isto sempre em foco para entender meu raciocínio. Acho de tamanho absurdo menosprezar alguém por conta de sua cor que não vou nem falar sobre isto; compartilho da ideia do Morgan Freeman, que diz que, para acabar com o racismo, precisamos simplesmente parar de falar nisto. Não vou entrar na discussão sobre se a torcida do Grêmio é racista ou não, se o Brasil é um país racista ou não; não farei coro aos que dizem "falo isto tranquilamente porque tenho vários amigos negros" e também não vou cair na tentação de enumerar negros notáveis ou seus notáveis feitos para justificar um não-racismo pois isto seria a instituição do racismo, uma vez que poderia entender-se que estou partindo do pressuposto que estes tem menor capacidade de feitos notáveis. Não preciso me justificar a respeito de minha posição pois a faço sem medos e culpas. 

Alguém pode estar pensando sobre o motivo então de estar escrevendo, se não vou falar a respeito do tema. Confesso que realmente relutei muito a escrever sobre o assunto, porém, não posso deixar de raciocinar a respeito de quão racista é o simples fato de falarmos sobre este assunto. Parece que o racismo é uma "doença de branco", mas não é. Conheço vários negros (nem vou me estender aos chamados amarelos e pardos) preconceituosos a respeito de brancos e a respeito de si próprios; vi várias situações em que, aquilo que seria um julgamento ou decisão normal tornou-se, na sua visão deturpada, racismo contra eles, simplesmente porque optaram por esconder-se atrás de sua cor, o que lhes foi mais conveniente, diga-se de passagem. Entendo que o simples fato de falar isto vai gerar nestes mesmos o sentimento de que talvez eu seja racista; sei que várias pessoas concordarão comigo mas terão medo de serem apontados como racistas pelos pretensos "vítimas de racismo".  

Preciso, para melhor compreensão do assunto, portanto, trazer novamente a baila o assunto das pessoas. Notem que no início do texto falei sobre menosprezar outros por conta de diferença de cor; seria de uma idiotice tremenda, por outro lado, considerar todas as pessoas farinha do mesmo saco e não valorizar as características pessoais que nos tornam tão singulares. Utilizando-me do futebol como exemplo, seria a mesma coisa que afirmar que Grêmio e Inter são iguais. Não são! São diferentes, tem histórias diferentes, tem vitórias diferentes, procedências diferentes, são diferentes em quase tudo, mas isto não diminui em nada a grandeza do outro. Entretanto, alguns poderiam perder horas a fio simplesmente discutindo quem é o maior ou o melhor sem que chegassem a uma conclusão e os dois ainda sairiam da discussão proclamando-se vencedores (sem o ser).  

Entendo a dor de quem se sente ofendido e não diminuo em nada o direito de quem quer protestar contra o que quer que seja, mas concluo que o mais inteligente a se fazer é punir com rigor os criminososmergulhar este fato nefasto em um sensacionalismo barato gera ainda mais vergonha, constrangimento ou pior: um sentimento de inviolabilidade auto-comiseração (coitadismo) aos ofendidos. Devemos ser todos bem cientes de plenas capacidades e potencialidades IGUAIS, porém com características diferentes, o que não é demérito para ninguém.  

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