Bem, o primeiro de quem quero falar é Davi.
Em minha percepção, Davi era um cara que sentia.
Ele sentia as coisas. Em sua infância e adolescência, ele era
pastor de ovelhas. Ovelhas são animais que não reagem impetuosamente a tudo,
elas internalizam muito do que está ao seu redor, e conviver com elas talvez
tenha ensinado Davi a sentir e absorver o que estava ao seu redor. Ele também
era músico, durante esta fase, e é necessário sensibilidade para tangir um instrumento.
Mesmo assim, durante esta fase, ele já mostrou capacidade de
sentir indignação com o que estava errado, ao revoltar-se com as afrontas de
Golias. Ele deve ter sentido algum medo, mas a coragem superou em muito o
tamanho deste medo.
Ele também amava. Amou muito a suas mulheres, seus amigos, seus
filhos. Foi capaz até de cometer crimes por conta de um amor proibido (no tempo
que sentiu preguiça de ir à guerra), mas sentiu muito arrependimento e chorou a
morte de seu filho, o preço que pagou por este erro.
Davi deve ter sido uma pessoa muito intensa em tudo o que fazia.
Em um dos seus últimos atos de vida, sentindo sua morte já próxima, deu
instruções curtas, porém profundas e certeiras, a seu filho Salomão sobre como
deveria proceder em sua vida, genericamente, e sobre como deveria proceder com
algumas pessoas, especificamente.
E assim era Davi, o homem que sentia.
Samuel Bonette
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